Olhava-me no espelho e pensava "esta não sou eu". Ali naquela casa, não era eu. Naquela casa, sentia que tinha entrado num outro mundo, misterioso, incerto. Não sabia ao certo porquê. Seria pela decoração? A casa fora decorada pela primeira mulher do meu marido, via-o no estampado das cortinas e na loiça italiana.
O meu marido, o coronel, trouxera-me com ele até àquela casa. Uma casa não muito grande, mas espaçosa, próxima do mar.
Era a primeira vez que eu via aquela casa. O meu marido, o coronel, ia tratar de negócios. Depois da carreira no exército, o meu marido, o coronel, tinha entrado nos negócios. Mas dos grandes. Tão grandes que havia dinheiro para tudo. O coronel tinha tanto dinheiro que eu não precisava de trabalhar.
Por isso, ali estava eu, naquela manhã de sol, depois de ter dormido até mais tarde, a tomar o pequeno-almoço no terraço, em loiça italiana que eu não tinha escolhido.
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