domingo, 28 de dezembro de 2008

Coisas bonitas e não tão bonitas

Deitei-me ao sol numa rocha rodeada de neve. Não fossem as luvas, as botas, o gorro e demais peças de vestuário e quase que poderia ser a Grande Pelouse, o areal da Costa Nova (a música que me faz lembrar o Verão, a música que me faz lembrar esse pedaço de Verão), a beira de uma piscina perdida no campo do Alto Alentejo. 2008 foi um bom ano, apesar do início bastante pourri. Mas é culpa do nosso Chevalier que se presta a esse tipo de situações, fruto da sua natureza instável. Conhece todos os sintomas, a cura é que não. Sabe que apenas pode esperar.
Ontem sonhei que chegava repetidamente atrasado ao Faust em São Carlos. Foi aflitivo.


"Don't you be a traffic light."
(Traffic Light, The Ting Tings)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Casa na praia

Não me deixaram dormir. Temos Gonçalo que desce do comboio como Brian que chega a Berlim. Não muito seguro da sua decisão, aceitou. Gosta de planos destes, de pessoas que tenham iniciativas agradáveis. Não gosta de complicações, nem no amor. Deixa-as para os trabalhos académicos. Mesmo não estando muito seguro, aceitou.
Ana espera-o na estação. Ana que deixara crescer o cabelo. Veste uma túnica azul e calções creme justos, toda ela equilíbrio e tranquilidade. Vão de carro (um descapotável amarelo?) até à Casa. A Casa. Sobre a praia, cenário perfeito. Uma neblina fraca envolve-os.
O interior está silencioso, o rumor das ondas é o único ruído de fundo. Na sala encontram Tomás que come cereais de pijama e roupão de seda em frente à televisão. Tomás é um homem seguro de si, às vezes roça a arrogância. Dorme com homens de maneira selecta, apaixonada e descomprometida. Conhece as pessoas certas, o que lhe vale uma existência descontraída, minada somente pelas mesquinhices do círculo. Cumprimenta Gonçalo de maneira neutra e perante a sua desenvoltura, o recém-chegado sente-se por momentos algo desconfortável.
Chegam depois Catarina Ofélia e Sebastião, que foram passear à praia. Sebastião corre para a sala. Gonçalo, na cozinha com Ana a beber café, ouve-o falar alto com Tomás. Riem-se os dois. É típico de Sebastião todo aquele comportamento meio espalhafatoso, por vezes partilhado por Tomás. Sebastião gosta de dar ares de intelectual e cultivar um estilo de vida bobo (leia-se bourgeois bohème).
Catarina é a que vem à cozinha e a sua entrada é feita sob um tema de harpa e flauta. O seu vestido é claro e causa uma impressão própria de Daisy e Jordan Baker em O Grande Gatsby. Tem um sorriso adorável com que saúda Gonçalo. Tem os olhos da manhã e pede café.
Quando vê Sebastião, Gonçalo não deixa de pensar novamente em como os quatro são tão diferentes, quase antagónicos, e no entanto vivem unidíssimos como um clã, prontos à defesa comum. Sebastião dera ultimamente em se apaixonar por Catarina Ofélia. E as férias estavam apenas a começar.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Compte rendu (versão reduzida)

Ando há que tempos para aqui escrever qualquer coisa. Há rascunhos que o provam!
A vida vai correndo, como sempre. Sucedeu-se um corropio de afazeres, por vezes infernais. Tentei ser um general o mais convincente possível depois de discórdias de interpretação do texto com la Signora. (Avançando, ao longo do meu percurso académico a Alemanha afigura-se sempre como país terrível.)
Como esperava, o petit weekend (petit tido como carinhoso) foi prolífico em acontecimentos. Agradáveis surpresas, para começar. E a estação - provavelmente - faz-me pensar, pensar, pensar.
E lá vamos nós para as terras frias.