segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Aquele pedaço de rua

O cenário é perfeito para uma descarga de vida matinal. Naquele pedaço específico da rua, em que há edifícios baixos dos dois lados e ilhas na estrada para largada e tomada de passageiros dos eléctricos. O movimento contínuo dos eléctricos lembra a vitalidade das coisas. Tanta gente passando naquele pedaço de rua àquela hora, graças à proximidade de uma plataforma intermodal.
E, do arco que se abre num dos lados da rua, surge um sorriso interessante. Deve ser o sol frio e o céu azul que proporcionam este tipo de pensamentos mais bonitos, num cenário de si já tão perfeito de urbanidade. A campainha dum eléctrico. (Sim, passa um ou outro autocarro, mas o encanto do eléctrico e da sua campainha é consensual.)
Como já tentaram outros antes, estava a tomar a liberdade de alterar pequenos pormenores. Não, não o cenário, esse é pela terceira vez perfeito. Felizmente o movimento contínuo de eléctricos e pessoas lembra - prova - a vitalidade das coisas, apesar de um sorriso mais ou menos fictício.
O lirismo dos espaços urbanos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A varanda II

O odor da sala de leitura é singular e o seu silêncio nada tem a ver com os sons da manhã que chegam ténues àquela varanda lateral. Também porque há dois homens que falam na varanda. Um deles - o que fuma - parece falar mais, continuamente quase. É conversa douta. Falam de investigações, abordagens, temáticas e correntes.
Nada que interesse naquele momento ao jovem que observa a rapariga do outro lado do vidro. Um espectador mais perspicaz pode imaginar que toda uma história (que permanece desconhecida) se passou entre os dois. Entre o rapaz murcho e observador e a rapariga que no silêncio é metódica nas suas leituras e anotações.

domingo, 17 de janeiro de 2010

A varanda

A biblioteca tem uma varanda, à qual chegam os ruídos matinais da cidade e dos pássaros. A sala de leitura está silenciosa e uma rapariga trabalha diligente, sem reparar sequer no jovem que a olha do outro lado dos vidros da varanda.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

o choque da realidade

Estou a ouvir a Leonore e o Florestan: acabaram de se reencontrar. Há dias chovia. E nós falávamos de sonhos não concretizados.

domingo, 3 de janeiro de 2010

ano novo

Acho que também eu busco a harmonia.

"Je l'ai vue à travers mon rêve,
Dans la lande aux souffles de feu"
Vincent na ópera Mireille (acto V)