quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A luz das lanternas

O estabelecimento tinha um pátio fechado e tudo parecia roxo. A única luz provinha de lanternas de papel vermelho e branco e havia almofadas por todo o lado. (Parecia que a equipa do Querido, mudei a casa tinha passado por ali.)
- Traga-me um x, por favor. - isto foi dito à empregada, cada um cumprindo o seu papel.
Porque de outra maneira seria difícil gozar a luz das lanternas ao ar livre, naquela noite quente de cidade alentejana. Tudo certo. Era imperativo que assim fosse, que tudo estivesse nos devidos lugares, cada um cumprindo o seu papel: a empregada, as paredes roxas, o céu estrelado, as almofadas, nós.
Apenas para sentir. Qualquer movimento brusco é interdito.
- Mas como tu, acho que não encontro outro. Por isso promete-me...
Eu calado, nada mais. Desejando que as luz das lanternas de papel, o quase-rumor da conversa vizinha e a brisa soubessem expressar a minha gratidão.

1 comentário:

Luísa A. disse...

Vou guardar isto na minha pasta privada de coisas feitas, desenhadas, escolhidas ou escritas por ti. Como és melhor a expressar-te por escrito do que com o teu ar sisudo... Adoro a maneira como descreveste o local. Tornaste-o mais mágico do que era, mas ao mesmo tempo retrataste-o optimamente. E a frase do "promete-me"... nunca pensei que tal pessoa falasse tao poeticamente :) adorei mesmo!