Num desses dias, numa dessas vezes em que eu me desfazia na banheira e ele cirandava despido pelo quarto, não resisti. O silêncio no quarto era quase total, ouvia-se o murmúrio do mar. Noutro quarto alguém fechou uma gaveta com força.
Ele chegou-se à porta da casa de banho e, ao fixarmos o olhar um no outro, encostou-se com os braços cruzados. Sorri-lhe, não resisti. Ele sorriu-me.
A imagem - a ilusão - era quase perfeita. Ele a sorrir-me, eu numa banheira a sorrir-lhe, uma casa de banho de quarto de hotel, ele nu e lustroso a fixar-me. A luz do compartimento era esbranquiçada como a daquela pastelaria do centro de Lisboa onde primeiro tínhamos falado, onde primeiro nos tínhamos olhado e sorrido. Sim. Não resisti. Pois.
Ele entrou no compartimento e aproximou-se do espelho, procurando a sua imagem na superfície embaciada. As várias horas de praia começavam a escurecer-lhe a pele, a marca dos calções vermelhos era já perfeitamente visível e, do sítio onde estava, eu via-lhe as nádegas redondas e bonitas. Não resisti.
- Tenho pensado na noite em que nos conhecemos. - A voz saiu-me rouca e pouco clara. Ele não se virou. - Aliás, tenho pensado muito em toda essa altura.
Tinha sido a altura abençoada. E eu acabava de cometer uma falta grave - eu sabia disso. Mas não tinha resistido e agora não podia voltar atrás. A verdade é que a casa de banho oferecera naquele momento um espaço de ilusão. Sei que me convenci de como o rumor das ondas que vinham bater à praia era benigno e o cheiro da humidade das madeiras e dos atoalhados era um aroma feliz de paz e felicidade doméstica.
Ele virou-se e olhou-me sério. Os olhos iluminaram-se de novo num sorriso. Aproximou-se da banheira, baixou-se apoiando um joelho no chão. Os nossos rostos ficaram próximos e ele envolveu-me nos braços.
Ele chegou-se à porta da casa de banho e, ao fixarmos o olhar um no outro, encostou-se com os braços cruzados. Sorri-lhe, não resisti. Ele sorriu-me.
A imagem - a ilusão - era quase perfeita. Ele a sorrir-me, eu numa banheira a sorrir-lhe, uma casa de banho de quarto de hotel, ele nu e lustroso a fixar-me. A luz do compartimento era esbranquiçada como a daquela pastelaria do centro de Lisboa onde primeiro tínhamos falado, onde primeiro nos tínhamos olhado e sorrido. Sim. Não resisti. Pois.
Ele entrou no compartimento e aproximou-se do espelho, procurando a sua imagem na superfície embaciada. As várias horas de praia começavam a escurecer-lhe a pele, a marca dos calções vermelhos era já perfeitamente visível e, do sítio onde estava, eu via-lhe as nádegas redondas e bonitas. Não resisti.
- Tenho pensado na noite em que nos conhecemos. - A voz saiu-me rouca e pouco clara. Ele não se virou. - Aliás, tenho pensado muito em toda essa altura.
Tinha sido a altura abençoada. E eu acabava de cometer uma falta grave - eu sabia disso. Mas não tinha resistido e agora não podia voltar atrás. A verdade é que a casa de banho oferecera naquele momento um espaço de ilusão. Sei que me convenci de como o rumor das ondas que vinham bater à praia era benigno e o cheiro da humidade das madeiras e dos atoalhados era um aroma feliz de paz e felicidade doméstica.
Ele virou-se e olhou-me sério. Os olhos iluminaram-se de novo num sorriso. Aproximou-se da banheira, baixou-se apoiando um joelho no chão. Os nossos rostos ficaram próximos e ele envolveu-me nos braços.
1 comentário:
CREDO! É preciso gritar para me fazer ouvir por esta altura. Tens que dar continuação. Isto partiu-me o coração. Foi mesmo isso que fez. E quando aquelas frases são ditas eu só gritava "sim mas nãooo, não faças isso, isso será levado como 'o presente já não é nada assim' ou mais catastroficamente pode ser erroneamente interpretado como uma luz ao fundo do túnel que só o vermelhito consegue ver?". Assim me ponho feita parva a falar com um computador e a temer tudo mas a deliciar-me com o abraço.
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