São três horas da tarde, ouvem-se as badaladas vindas de um campanário. O sol cobre toda a cidade, sopra persistente o vento tramontano.
Magali está encostada a um dos plátanos do square Gambetta, aquele extenso pedaço de terra amarela que cobre quase toda a praça. Duas filas de plátanos alinham-se de cada lado do terreno, deixando toda aquela vastidão amarela sujeita ao tramontano. Ali mesmo, no meio da cidade.
E Magali (vestida de branco, o branco revolvendo-se em volta dela) encostada ao plátano, olhando sem ver. Saíra de casa num assomo de desespero. Por isso olhava sem ver, tentando controlar as lágrimas.
Na praça deserta entrara Nicolas, que às três badaladas cruzava o square Gambetta na diagonal. Caminhava indiferente ao vento, sem pressa. Magali, oculta na silhueta do plátano, não o via. Magali tão triste pelo que tinha sido e deixara de ser, pelo menos para ela.
Nicolas atravessava a poeira do square, cheio daquela felicidade que só se alcança nos primeiros momentos de uma história que ainda tem tudo para dar. É que Nicolas, após delicadas etapas, tinha enfim tido o acordo dos sentimentos de Jeanne. E era nela que pensava agora, era para ela que decidira deslocar-se até ao castelo para lhe comprar rebuçados coloridos. Algumas palavras podem chegar para descrever o estado de espírito de Nicolas, mas qualquer descrição seria incompleta.
Magali continuava encostada ao plátano, o vestido branco à mercê do tramontano, ela própria à mercê de uma tristeza que lhe parecia imensa. Lembrava-se de Jean-Baptiste e do que ele lhe dizia, da doçura das horas. Lembrava-se, não se queria lembrar, mas queria lembrar-se, revendo momentos, gestos, rescutando palavras. Palavras ainda tão presentes, tão encantadoras. Palavras que agora Jean-Baptiste diria a Amélie, também ela encantada. Um elogio bem elaborado ao brilho dos olhos, à maneira de inclinar o pescoço, talvez.
Palavras que também Nicolas poderia murmurar a Jeanne, por exemplo quando a presenteasse com os rebuçados coloridos comprados no castelo.
Era por isso que Nicolas cruzava o square, obliquamente às filas de plátanos. Era por isso que Magali permanecia encostada ao plátano, alheia.
Faltava surgir a terceira figura daquela tarde: Marc. Marc é primo de Jeanne, tem problemas psíquicos, tem uma paixão por Jeanne. Marc avança pelo square, também ele na diagonal. Marc apressado. Marc tem uma arma de fogo na mão. Marc aproxima-se de Nicolas e chama-o. Nicolas vira-se, vê o primo de Jeanne e cai com um tiro no peito.
O tiro ecoou na praça deserta, veio uma rajada forte do tramontano. Magali demorou a reagir, só aí contornou o plátano para ver Nicolas a viver os seus últimos instantes, sangue ensopando a poeira amarela. Marc afasta-se a correr.
Passava muito pouco das três da tarde no square Gambetta, em Carcassone.
Magali está encostada a um dos plátanos do square Gambetta, aquele extenso pedaço de terra amarela que cobre quase toda a praça. Duas filas de plátanos alinham-se de cada lado do terreno, deixando toda aquela vastidão amarela sujeita ao tramontano. Ali mesmo, no meio da cidade.
E Magali (vestida de branco, o branco revolvendo-se em volta dela) encostada ao plátano, olhando sem ver. Saíra de casa num assomo de desespero. Por isso olhava sem ver, tentando controlar as lágrimas.
Na praça deserta entrara Nicolas, que às três badaladas cruzava o square Gambetta na diagonal. Caminhava indiferente ao vento, sem pressa. Magali, oculta na silhueta do plátano, não o via. Magali tão triste pelo que tinha sido e deixara de ser, pelo menos para ela.
Nicolas atravessava a poeira do square, cheio daquela felicidade que só se alcança nos primeiros momentos de uma história que ainda tem tudo para dar. É que Nicolas, após delicadas etapas, tinha enfim tido o acordo dos sentimentos de Jeanne. E era nela que pensava agora, era para ela que decidira deslocar-se até ao castelo para lhe comprar rebuçados coloridos. Algumas palavras podem chegar para descrever o estado de espírito de Nicolas, mas qualquer descrição seria incompleta.
Magali continuava encostada ao plátano, o vestido branco à mercê do tramontano, ela própria à mercê de uma tristeza que lhe parecia imensa. Lembrava-se de Jean-Baptiste e do que ele lhe dizia, da doçura das horas. Lembrava-se, não se queria lembrar, mas queria lembrar-se, revendo momentos, gestos, rescutando palavras. Palavras ainda tão presentes, tão encantadoras. Palavras que agora Jean-Baptiste diria a Amélie, também ela encantada. Um elogio bem elaborado ao brilho dos olhos, à maneira de inclinar o pescoço, talvez.
Palavras que também Nicolas poderia murmurar a Jeanne, por exemplo quando a presenteasse com os rebuçados coloridos comprados no castelo.
Era por isso que Nicolas cruzava o square, obliquamente às filas de plátanos. Era por isso que Magali permanecia encostada ao plátano, alheia.
Faltava surgir a terceira figura daquela tarde: Marc. Marc é primo de Jeanne, tem problemas psíquicos, tem uma paixão por Jeanne. Marc avança pelo square, também ele na diagonal. Marc apressado. Marc tem uma arma de fogo na mão. Marc aproxima-se de Nicolas e chama-o. Nicolas vira-se, vê o primo de Jeanne e cai com um tiro no peito.
O tiro ecoou na praça deserta, veio uma rajada forte do tramontano. Magali demorou a reagir, só aí contornou o plátano para ver Nicolas a viver os seus últimos instantes, sangue ensopando a poeira amarela. Marc afasta-se a correr.
Passava muito pouco das três da tarde no square Gambetta, em Carcassone.