quarta-feira, 8 de abril de 2009

João e Luísa

(Baseado em factos verídicos)

Luísa ali está. Não fica indiferente ao olhar de João que a fixa. João que tem um rosto agradável, apesar do nariz um pouco à koala, que tem pêlos de barba escura semeada pelas faces brancas. Acima de tudo, João que tem olhos azuis, de um azul gélido. Olhos que fixam. E Luísa ali, a sentir-se olhada. E a gostar.

Sabe que apesar de um pouco perturbador, gosta. Mesmo que ele não lhe fale, apenas a olhe, a fixe. Não dizem que falamos pelo olhar? Talvez melhor que pelas palavras?
Vários pensamentos que lhe passam pela cabeça, agora que dá por si a gostar do olhar azul que João lhe deita com alguma insistência. A gostar desse olhar e a admiti-lo para si própria.
Pensamentos bonitos. Quem não gosta de os ter? Pensamentos azuis que metem um sorriso (onde cabem todos os adjectivos que signifiquem algo de bom, algo de muito bom) rodeado de pêlos de barba escura. Não basta um olhar para nos perdermos? Isto pensa Luísa naquela sala em festa, onde não muito longe dela está João de olhos azuis. Azul-que-faz-Luísa-sonhar.
E aproxima-se Gustavo. Gustavo. Ao aproximar-se Gustavo, Luísa lembra-se porque nunca aquele olhar azul poderia ser mais do que um olhar. Pelo menos para ela.

Soubera bem a ilusão, tem de admiti-lo.

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