"Sabes a Jane Eyre?", perguntava eu. "Leste o livro?"
Era uma noite de Inverno. Estava frio e nós no interior de um automóvel. Eu tentava abrir-me, tornar-me claro. O que eu queria era fazer-me ouvir, algo em que eu falharia grandemente, mas que por ora ganhava um pouco de coragem para fazer.
E eu disse que o que eu mais temia era que me acontecesse o que tinha sucedido a Jane Eyre. A história da rapariga que se apaixonava pelo patrão e que no dia do casamento descobria que este não poderia ter lugar porque o noivo era na verdade casado. A mulher estava enlouquecida há muito, trancada num sótão. Claro que eu não temia isto num sentido literal. Mas temia.
E satisfeito da minha valentia em saber articular os meus medos e desejos, eu falava no interior daquele automóvel.
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