quarta-feira, 3 de julho de 2013

o pasto na varanda

Antes tudo custasse tanto quanto aceitar uma cerveja com um à vontade de quem o fez toda a vida.
Conheço aquele olhar, já o vi noutros olhos. O meio sorriso que vai aparecendo a intervalos regulares. 
O rosto é sério e tem uma espécie de focinho proeminente. Vai-me fixando. Conheço aquele olhar. Gosto dele.
O rosto sério abre-me o apetite e de aceitar uma cerveja como se de lavar as mãos se tratasse até à varanda é um instante. É então que percebo que algo naquele rosto sério se assemelha a uma vaca que rumina calmamente. Mas não deixa de ter o seu encanto, numa noite em que tudo parece correr bem, tenho um copo nas mãos e um homem me devora com o seu olhar bovino.


1 comentário:

Lopo disse...

Não há nada que eu goste mais do que sentir o desejo por homens anónimos ao ler os teus textos. O retrato físico a deixar antever a psique dos personagens é a minha parte favorita.