terça-feira, 4 de novembro de 2014
Hotel na areia 14
(Creio que posso já revelar o nome do homem que
fizera as reservas, o que tinha os olhos tristes – José, Zé. Tinha um nome tão
curto e, no entanto, ocupava o quarto todo.)
Catarina e Catarina
Catarina tornando-se Catarina. Como foi isto acontecer. Catarina tornando-se Catarina e eu já nem sei onde estamos, se em Faro, se em Lisboa, se em alguma cidade que eu imaginei e ninguém construiu.
Eu vi Catarina ao fim da tarde. Catarina que se tornava Catarina.
Claro que o mesmo homem vago e inconstante, omisso e imprevisível. Claro que sim. Talvez ainda pior. De outra maneira, Catarina não se teria tornado Catarina, não tão rápido, ali mesmo, sob os meus olhos incrédulos.
Notei logo, o tom progressivamente alterado da voz, uma ponta de histeria. Catarina tornava-se Catarina e ia mesmo para além dela. Temi por Catarina.
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